Natal
Ana Faria
E o Verbo fez-se carne...
“N’Ele estava a Vida e a Vida é a luz dos homens,
que resplandece nas trevas....”(Jo. 1,4-5a)
José e Maria, subiram até à Judeia, à cidade de Belém. Aí, tendo chegado o tempo, Maria deu à luz e recostou o Menino numa manjedoura, envolto em panos... (Lc 2,1-7).
Ao mesmo tempo, um Anjo falou aos pastores que por ali pernoitavam, gente pobre e desprezada, anunciando-lhes uma grande alegria: “Hoje nasceu-vos o Salvador, que é o Messias, Senhor” (Lc.2, 8-11). Acreditando no que ouviam, puseram-se a caminho para ver o Menino, levando com eles o pouco que tinham para partilhar... e assim descobriram a alegria do encontro com Ele.
Também no Oriente, uma Estrela diferente brilhou nos céus... sábios, atentos aos sinais de mudança, procuraram o seu significado, e tendo interpretado de forma positiva, correram o risco de a seguir...
Todo o Natal verdadeiro é isto: itinerância, simplicidade, mudança, desprendimento, criatividade, movimento, abertura ao desconhecido, adaptação às necessidades dos outros....
Todo o Natal verdadeiro é isto: é o despertar das consciências para as necessidades dos outros até aí não percebidas... é a alegria do dar-se sem aparatos... passar, distribuindo aquilo que nos é mais fundo: um sorriso, um carinho, atenção, amor...
Todo o Natal verdadeiro é isto: a grande lição da educação pelo que “mal se vê e mal se sente”... o esforço constante de se desinstalar... O que enche e transforma aquela manjedoura e aquela gruta cheia de luz, é o EU do Menino-Deus que se dá à humanidade.
Dar-se a si mesmo comporta um grande risco... é um grande risco... todos o sentimos e por isso temos a tentação de nos fecharmos em “palácios” e em trabalharmos muito seguros da nossa sabedoria. Descer à simplicidade da vida, fazer dela o nosso padrão, arriscar-se a emaranhar como numa meada de lã a nossa vida na vida de tantos outros.. é fazer Natal todos os dias....
O Menino-Deus de tudo se despojou, de tudo se “esvaziou”, para vir ao nosso encontro... fez-se um de nós para tudo experimentar do que é humano, “excepto no pecado” (Heb 4, 15).A nudez do Menino-Deus envolto em panos, pousado numa manjedoura, despojado de tudo, lembra-nos a nós Catequistas como nos devemos apresentar nas nossas comunidades: envoltos em panos de humildade, em panos de bondade, em panos de amizade, em panos de alegria, em panos de ternura.... só assim conquistaremos a confiança das famílias dos nossos catequizandos, elemento essencial para que as nossas catequeses resultem, e para que se prolonguem durante a semana com o indispensável apoio da família, prolongando também todo o trabalho realizado na Catequese Paroquial. (cf.DGC 226, 227, 255)
Tal como o Senhor vem ao nosso encontro, Ele espera de nós que imitemos os pastores e os reis Magos que acorreram a ver o Menino e a partilhar com ele o que de melhor tinham... procurá-lO, admirá-lO, ama-lO e por isso mesmo, levá-lO ao encontro de todos os outros que passam na nossa vida e em especial aos nossos catequizandos.
A luz invade a gruta e os anjos cantam no céu: “Glória a Deus e paz aos homens”... que neste Natal a paz seja muito mais profunda do que a não-guerra... que seja uma Paz activa, uma Paz paciente, uma Paz amorosa e cheia de alegria: a Paz do Senhor!
Para todos, um Santo Natal e um Ano de 2017 cheio das bençãos do Senhor.