
Resumo da 2ª Conferência
Aprender com os apóstolos a transmitir a fé
Resumo do 2º encontro
1.Introdução ao 2º encontro (sumário…).
Realizamos o segundo de três encontros sobre o livro dos Atos em ordem a aprender com os apóstolos caminhos novos para transmitir a fé. Formavam uma Igreja em expansão dinâmica com um crescimento impressionante. Em contraste com o nosso tempo onde verificamos um recuo preocupante. Esta consciência fez despertar o interesse crescente pelos Atos desde o Concílio Vaticano II até hoje. Procuremos concretizar o que descobrimos de novo em cada encontro para renovar a nossa prática pastoral. Nos três encontros refletimos três momentos significativos na transmissão da fé. 1. Preparação ou bases da evangelização no primeiro encontro. 2. No segundo, hoje, a saída do mundo judaico para evangelizar os pagãos (Antioquia). 3 O terceiro será dedicado à evangelização da cultura secular (Paulo em Atenas).
2.Igreja revestida de força para evangelizar
Acreditamos e vemos que a Igreja guarda no seu interior um segredo, uma força divina. Por isso, pode dizer como São Paulo: “quando me sinto fraco, então é que sou forte”. A sua força não vem tanto das capacidades humanas, mas da ação do Espírito Santo. É a alma da Igreja. Notamos esta força na evangelização de Antioquia e do dinamismo missionário que arranca desta Igreja e se estende ao mundo, à cultura dos gentios ou dos pagãos, um mundo diferente da cultura dos apóstolos.
3. Dificuldade constante de acolher culturas diferentes
A evangelização de Antioquia foi um passo decisivo para o futuro da evangelização do mundo, mas difícil de dar e contestado por muitos. Pedro, o primeiro responsável, tinha preparado esta abertura. Guiado pelo Espírito tinha entrado em casa do centurião Cornélio e batizado a família e a casa deste comandante militar (Atos 11, 1-18). Deste modo, preparou o caminho para que os discípulos missionários, dispersos pela perseguição, anunciassem a Boa Nova também aos gregos e pagãos.
A dificuldade em acolher culturas diferentes tem sido constante ao longo da história e ainda hoje levanta problemas e discórdias. Notamo-la nos fariseus e publicanos, depois nos judeo-cristãos. Vemos igualmente dificuldades nas reações ao Concílio Vaticano II e ao Papa Francisco.
Onde notamos hoje expressões desta dificuldade?
Ouçamos então a narrativa da evangelização de Antioquia e a partir de Antioquia.
A. Atos 11, 19-26: 19Entretanto, os que se tinham dispersado, devido à perseguição desencadeada por causa de Estêvão, adiantaram-se até à Fenícia, Chipre e Antioquia, mas não anunciavam a palavra senão aos judeus. 20Houve, porém, alguns deles, homens de Chipre e Cirene que, chegando a Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando-lhes a Boa-Nova do Senhor Jesus. 21A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor. 22A notícia chegou aos ouvidos da igreja de Jerusalém, e mandaram Barnabé a Antioquia. 23Assim que ele chegou e viu a graça concedida por Deus, regozijou-se com isso e exortou-os a todos a que se conservassem unidos ao Senhor, de coração firme; 24ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé. Assim, uma grande multidão aderiu ao Senhor. 25Então, Barnabé foi a Tarso procurar Saulo. 26Encontrou-o e levou-o para Antioquia. Durante um ano inteiro, mantiveram-se juntos nesta igreja e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de «cristãos.
B. Atos 13, 1-3: Havia na igreja, estabelecida em Antioquia, profetas e doutores: Barnabé, Simeão, chamado ‘Níger’, Lúcio de Cirene, Manaen, companheiro de infância do tetrarca Herodes, e Saulo. Estando eles a celebrar o culto em honra do Senhor e a jejuar, disse-lhes o Espírito Santo: «Separai Barnabé e Saulo para o trabalho a que Eu os chamei.» 3Então, depois de terem jejuado e orado, impuseram-lhes as mãos e deixaram-nos partir.
4. Cristãos discípulos missionários
São todos os cristãos, membros anónimos do Povo de Deus animados pelo Espírito Santo, que fazem a evangelização. De onde lhes vem a coragem e a sabedoria? “A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que abraçaram a fé e se converteram ao Senhor” (v 21). Ao conhecer a notícia a Igreja Mãe de Jerusalém (onde estariam os apóstolos principais) enviou Barnabé como delegado para garantir a comunhão eclesial. Qual o seu segredo? Não pertencia aos apóstolos nem aos diáconos. “Era um homem bom (cuidava do bem dos outros e não de si mesmo); cheio do Espírito Santo e de fé”. Aqui está a fonte do êxito: guiar-se pelo Espírito: invocar o Espírito (oração e contemplação); escutar a voz do Espírito que ressoa nas Sagradas Escrituras (escuta meditada e orante) e nos sinais dos tempos, ou seja, na realidade observada à luz da fé (“viu a graça de Deus”). Quando viu a obra do Espírito Santo e notou a complexidade de uma cultura diferente, foi procurar Saulo. um convertido, possuidor de uma vasta cultura, tanto grega, como judaica, como romana. Estava esquecido, em Tarso, sua terra natal, marginado por alguns tradicionalistas. Barnabé mostra discernimento também em dar espaço a carismas diferentes, como vemos em Atos 13.
5. Promover o protagonismo do povo de Deus
O fundamento da Igreja e a base da sua revitalização é o Espírito Santo que distribui os seus dons a todo o povo de Deus. Sem esquecer o papel capital do ministério consagrado pelo sacramento da ordem, a base da vitalidade das comunidades cristãs encontra-se no batismo e nos sacramentos da iniciação cristã, conjugados com o percurso de amadurecimento da fé. (cf LG 12). Por isso, para dar protagonismo ao Espírito, devemos consultar, escutar e envolver o povo de Deus. A escuta do Espírito, a escuta do povo de Deus e a perspetiva missionária da Igreja são três pilares da sinodalidade. Barnabé revela, portanto, um carisma fundamental para revitalizar a evangelização: descobrir o campo vasto da missão e chamar as pessoas indicadas para colaborar. Também hoje, em vez de chefes que mandem em tudo, precisamos de animadores que promovam e alarguem a participação de discípulos missionários. É o estilo da sinodalidade que chama e se rodeia de colaboradores em ordem a formar comunidade vivas e missionárias capazes de evangelizar o mundo atual.